sexta-feira, 20 de abril de 2012

Rita Lee atira para todos os lados em seu novo disco, chamado Reza

Pistis Sophia, uma reza tosca, com vozes sobrepostas, abre o novo disco de Rita Lee e traz boas perspectivas: estranheza e criatividade, vindas da rainha do rock brasileiro, costumam dar em boa coisa. Reza, a música que dá nome ao CD, é outro bom sinal: um rockzinho anos 1950, inocente, com uma letra esperta. Daí em diante, o disco parece assumir um ar mais autobiográfico, em Tô um lixo e Divagando, popzinhos meio lounge que lembram a Rita açucarada dos anos 1980, diferente do veneno recente. O rock finalmente surge em Vidinha (mais uma de letra pessimista), robusto, com boas guitarras do maridão Roberto de Carvalho e a bateria firme de Iggor Cavalera. As loucas (do refrão "Eles amam as loucas/ Mas se casam com outras") mantém a batida roqueira, que cai novamente em favor do computador em Bixo grilo, na new bossa Paradise Brasil e na MPBística Rapaz. Em Bagdá e Tutti fuditti, Rita solta o humor e cria uma das melhores sequências do disco: na primeira, rima "Jardim de Alá" com "Mustafá", "Hezbollah" e "vatapá", num delicioso nonsense das Arábias; na segunda, manda um pop italiano antigo com deliciosos trocadilhos cretinos como "Alegro alegro ma non treppo". Gororoba, que vem em seguida, é mais um raro rock clássico. O ânimo volta, mas o fim é fraco, com Bamboogiewoogie e a instrumental Pow. São tiros para muitos lados, e vários vão longe do alvo. Por Bernardo Araújo, da Agência O Globo

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